Seu nome é Zé, ninguém; meu nome é João tustão.
Todos na cadeia
Um por um vintém, outro por um milhão.
Um por um vintém, outro por um milhão.
Miseráveis e pobres recorrem à mendicância para o acesso à justiça: leilão de advogados, cada um procurando o mais barato (Defensoria Pública, em Minas de greve); demora na tramitação de processos; falta de atenção por parte dos serventuários; pobres miseráveis! Medíocres cidadãos que tem como documento uma Carteira de Trabalho da Previdência(!) Social, assinada á base de um salário mínimo. Vão para a sarjeta judicial. Mas ao que parece outras figuras estão no mesmo caminho.
O ex-presidente do Tribunal Regional Federal (nome pomposo) o Ministro do Superior Tribunal de Justiça, estes tem tramitação especial (processo em segredo de justiça), não usam algemas (a lei do uso de algemas ainda está em tramitação no senado), tem advogados com sobrenomes estrangeiros e cobram cerca de R$ 1.000,00 a hora de trabalho. Mas a Polícia Federal está às carreias à busca do Carreira Alvim, o ex-desembargador federal.
Coitadinho do aposentado que quer a sua revisão de aposentadoria! Pensões alimentícias são tantas que desmerecem qualquer atenção. A polícia civil que tem de prender ladrões de galinha, e investigar o SURDO que recebe VOZ de prisão em flagrante, a polícia militar que tem de atender às rusgas de vizinhos.
Aos federais cabe prender os magnatas. Eles estão utilizando algemas nos ricos! Uma algema está sendo balançada para o ministro do STJ! Misericórdia. Estou no Brasil ou noutro país das maravilhas? Existe o que estou vendo, ou estou sonâmbulo?
A Lei está sendo válida para pobre tal qual para o rico. Tem gente igual no Brasil? Vejamos: parece que sim.
Existe uma divisão de classes? Sim existe. Cada qual na sua obediência às várias e infindáveis leis do Brasil. Estão todos sendo presos. Não pague pensão: cadeia. Desembargador corrupto: cadeia. Cadeia cadeia cadeia. Já já os maiores de 16 anos estarão lá também. Famigerado ou benéfico aumento de idade penal?
Males para bens e bens para males. Mas acontece que no Brasil uma onda de ética na política, na administração da coisa pública, da justiça que está sendo deflagrada vagarosamente. Lula ululou, e agora nos aparece o jamais visto. Collor deputado e desembargador preso. Arrepia-me ver coitados na cela fria. Mas um Clodovil, Eneias e Maluf estão lá a fazer leis. Leis que nos manda, determina.
No Rio, São Paulo, etc., a lei é determinada por bandidos, bandidos que elegem deputados, que fazem leis, que prendem o desembargadores, que confina o pobre que não tem advogado.
Lei que faz escolas de direito ao léu, que forma advogados, que não passam no exame de ordem que advogam. Advogados caros, advogados baratos. Lei idêntica. Um preso outro também. Pobre preso na cela do rico. Rico com habeas corpus, pobres também. O entendimento de um jurista vale para o rico e vai valer para pobre. Vai?
Em Pará de Minas matou-se a esposa do rico já se vão vinte anos e ele está na Bahia numa linda praia. Matou-se um pai e mãe milionários de sobrenome alemão e já foram julgados. O assassino do vice-prefeito ainda não foi julgado, ou descoberto. Advogados ricos. Um com mais outros com menos prestígios. Onde estão os seqüestradores das filhas de Abravanel? Mortos!
Contradição? Aparências? Teatro?
Rico na cadeia. Pobre também. Rico morto. Pobre mata. Rico absolvido. Pobre manda no trafico no tráfego e nada acontece. Ou aconteceu.
Onde estamos. Para onde vamos? Justiça? O que é justiça? O que é lei? O que é equidade? Processo onde? Para uns o Código Penal e para outros o Primeiro Comando da Capital.
Não sei se fico alegre ou macambúzio. Aos trancos e barrancos justiça está acontecendo. Ou será que estão matando os pobres todos (no Rio de Janeiro anteontem foram 21 numa só vez) e está sobrando lei para os ricos?
Algo acontece. Devemos ter a perspicácia e prudência necessária para ver.