O erro de Crasso, o rato que vira elefante e o César reinante
Fui vencido por um ímpeto muito forte que levou-me a falar de política na coluna de hoje. Queria ter falado do maior Tribunal de Justiça do Mundo – o de São Paulo. Sobre a nova Lei dos Estagiários, ou sobre a contratação de Menores Aprendizes.
Mas nos meus ouvidos ainda ecoam os foguetes de domingo comemorando a vitória de José Porfírio, prefeito mais uma vez. Ainda ouço as declarações dos candidatos que não conseguiram eleger-se. A imprensa de Pará de Minas, sempre ágil e procurando a melhor informação, entrevistou a grande maioria dos candidatos.
José Porfírio veementemente e aos brados, convocando os deputados Eduardo Barbosa e Antônio Júlio a lhe dar a mão na administração, e agradecendo de forma entusiasta seu mentor Inácio Franco. Elias contente com a magnífica votação. E Darci, mesmo que um pouco abalada por não esperar derrota, mas cordial e de boas manifestações.
Não posso deixar de registrar que fiquei impressionado com José Assunção que não parava de falar no debate como se fosse esta a única oportunidade de fazer campanha política.
Darci Barbosa aliou-se às maiores lideranças políticas de Pará de Minas – quiçá do Estado de Minas – e teve votação pouco expressiva. Cometeu o erro de Crasso (115-53 a.C.). Para quem não sabe explico: por uns tempos Roma não foi dirigida por Césares e sim por um triunvirato (três Generais) e dentre eles se destacou Crasso – grande general e de impiedosas batalhas. Certa feita, este general incumbiu-se de guerrear contra uma tribo de povos Sírios (os Partos). Estes sírios eram poucos em número e estratégias. Então Crasso vendo que seria fácil a sua vitória descuidou-se e abandonou suas formações e estratégias que sempre o fizeram vencedor em todas as batalhas. E pior, tomou um caminho estreito e de pouca visibilidade para dirigir-se ao que era sua certa vitória. Perdeu a batalha e a vida. Mesmo sendo fracos e em menor número aquele povo Sírio destruiu o exército de Crasso. Então, quando uma pessoa tem tudo para ganhar alguma demanda e perde por causa de um erro infantil dizemos que a pessoa cometeu um “Erro de Crasso.” Darci tinha o melhor exército, os melhores generais o mais fraco inimigo. Mas não lhe foi suficiente, tinha autoconfiança em excesso. Ocorre que Crasso morreu nesta batalha e não mais lutou por Roma. Resta saber se os generais de Darci voltarão para os seus postos de comando para boas e novas batalhas.
E citando as histórias de Roma, lembro-me da descrição de uma das batalhas travadas por aquele povo. Em determinada batalha dizia o emissário aos generais, que os inimigos vinham com ratos à sua frente e todos riram e menosprezaram tão frágil inimigo. Mas não se deram conta que o emissário viu os “ratos” a mais de 50 quilômetros! Quando o inimigo se aproximou, e já não tinha mais como os romanos recuarem, um novo emissário dirige-se aos generais: “nossos inimigos têm bestas trazidas do inferno, seus dentes são maiores que nossas maiores lanças e sobre seus dorsos carregam mais de 20 homens! Seus passos fazem a terra tremer e em cada pegada uma fossa se abre na terra!”. E os ratos? Perguntaram os generais? Ratos? Redargüiu o emissário que não sabia definir elefantes. Ratos não vi. Estamos mortos! Elias Diniz era este ratinho. Nasceu discreto e à medida que aproximou-se da eleições tomou proporções gigantescas. Não vencendo a batalha por apenas uma diferença ínfima de votos.
Ainda em Roma, e vendo as comparações que fiz anteriormente, sou obrigado a comparar o vencedor a algum dos Césares. Mas Zezé Porfírio tem um César que lhe veste, e este é Tibério Nero César. Tibério foi o sucessor de um dos mais controvertidos césares: Otávio César Augusto. Quando Tibério via-se em perigo dada sua impopularidade no senado dizia-se que estava “entre a espada e a parede”. As respostas que dava aos senadores eram ambíguas e nunca respondiam nada. Um senador perdendo a paciência quando lhe perguntava sobre uma questão disse-lhe aos gritos: “ou aceitas ou desistes! Os outros demoram fazer o que prometeram e você demora prometer algo para fazer!”. Inicialmente Tibério era indiferente e insensível aos ultrajes e aos boatos maledicentes que eram espalhados contra ele e seus seguidores e dizia “que em um Estado livre, a língua e o espírito deviam ser livres também. Se alguém fala de mim de modo diverso do qual deveria falar, eu me esforçarei por prestar-lhe conta dos meus atos e das minhas palavras”.
Tibério, em que pese sua origem nobre não tinha grandes influências políticas, por isto chegou ao poder através das mãos de Augusto, um grande general e governador de várias províncias que assim escreveu ao seu pupilo quando da ascensão: “Vai, vai prestigiado Tibério, seja feliz na tua governança, general querido do meu coração e das musas. Vai querido amigo! Possa eu ser tão feliz da mesma forma que tu és o mais valente dos homens e o mais completo dos chefes!”
Na sua administração teve por orientação a seguinte frase que sempre dizia aos seus governadores: “um bom pastor deve tosquiar o seu rebanho, mas nunca esfolá-lo”. Orientando estes governantes a sobrecarregar o povo de impostos, deixando um mínimo para a sobrevivência.
Uma curiosidade etimológica: Tibério foi numa cidade que estava caindo aos pedaços, casas em ruínas, ruas sujas e mal cuidadas, povo feio. Ao ponto de estar em uma casa e ela desabar sobre ele. A cidade chamava-se “Espelunca”. Nem precisa explicar mais. Ele mandou reconstruir a cidade!
Voltando ao homenageado Tibério César. Ele nunca foi piedoso com inimigos e os castigava com freqüência e a ele as pessoas dirigiam os seguintes “poemas”: “És desumano! Graças a ti vivemos na idade de ferro! Reinas sobre o sangue!”
A princípio fez-se rodear de amigos e pessoas influentes para desvencilhar destes ataques, mas acabou sendo envenenado pelo seu melhor amigo Caio. Contudo foi generoso no seu testamento deixando grande patrimônio às pessoas humildes. Governou por 23 anos e fez engrandecer Roma para os seus outros sucessores.
Dai a César o que é de César: PARABENS!
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