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terça-feira, 7 de junho de 2011

Idosos se oferecem para limpar radiação nuclear no Japão

Mas que sacrifício inspirador – de elogios, ao menos. Um grupo de idosos japoneses está pedindo permissão para limpar a estação contaminada da usina nuclear de Fukushima.

A Unidade de Veteranos Qualificados, um grupo de mais de 200 aposentados com experiência em engenharia e outras profissões, se dispôs a substituir pessoas mais jovens que estão se expondo a altos níveis de radiação. O grupo acredita que tem menos de 20 anos para viver, e estarão mortos antes que apareça qualquer câncer induzido pela radiação. A história já é diferente para os jovens que lutaram nessa zona de guerra por três meses deste o tsunami e terremoto de março, e que têm maior risco de desenvolver câncer quando ficarem mais velhos.

E os idosos não acreditam serem kamikazes por se disporem a tanto: “Eles iam para morrer. Mas nós vamos voltar.” Tudo o que está impedindo estes pensionistas de colocarem trajes de proteção nuclear é o governo japonês, que infelizmente coloca burocracia no meio.

Pelo menos é esta a notícia veiculada na BBC Internacional que tive acesso pela internet.

A dedicação e respeito dos idosos pelas gerações mais novas é o reconhecimento que a juventude necessita de viver mais e melhor naquele país.

Quando os idosos japoneses tomaram esta decisão, que não é kamikaze, verificaram a necessidade de estarem salvando a juventude e preservando a continuidade de suas gerações mais novas. Reconheceram que nas suas idades, nem tão avançadas, podem colaborar com tão perigosa atividade sem comprometer a juventude. Certo estão que os malefícios terríveis da irradiação (câncer especialmente) não vão manifestar nestes idosos: eles estarão mortos – naturalmente – até a época destes efeitos surgirem.

Quando isto aconteceria aqui pelas bandas do ocidente? Imagino que nunca, ou se ocorrer seria caso raro.

Palavras que encontro para tal atitude: respeito, reconhecimento, dignidade, solidariedade, amor ao próximo, dedicação, sacrifício, compaixão, entrega, e outras que o leitor possa acrescentar, mesmo que pouco utilizadas ultimamente.

Neste contexto de exemplo dos idosos do Japão direcionei meu pensamento para outros fatos da vida. Minha vida em especial.

Ao educar-me, meus pais não tinham em mãos o Estatuto do Idoso, Estatuto da Criança e Adolescente, Lei Contra o Preconceito, Lei Maria da Penha, Estatuto do Consumidor ou até mesmo a Lei da Palmada (ainda no forno) e outras leis que tem condão essencial de interferir nas mais estreitas relações interpessoais. Os homossexuais eram apenas pessoas que vivam “diferentes” e “sozinhas”.

Minha geração foi educada com base nos respeitos que tratam estas leis. Elas não existiam aquela época e nem precisariam existir. Existiam pais presentes e filhos respeitosos. Isto bastava para que nós não maltratássemos idosos, mulheres ou crianças.

Hoje a gana de grande parte da sociedade que volta-se apenas para seus próprios umbigos em atos de extremado egoísmo em nada cedendo seus direitos para terceiros. Os velhos de Fukushima estão cedendo suas vidas! O chamado “direito da pessoa”, ou seja aquilo que ela “julga ser seu” não pode ser cedido um mínimo que seja em prol de uma pacificação em todos os aspectos. Todas as certezas passaram a ser absolutas! “Quem não é como eu, é do contra e deve ser combatido!”, esta é a regra seguida a todo e qualquer custo. Cristãos (católicos e evangélicos) falam mais na demonização de quem pensa contrariamente a seus dogmas, que os princípios pregados por Cristo. Moralistas de plantão instituindo regras medievais para justificarem seus meios ortodoxos de ser e existir na vida social. Mulheres colocando-se na sarjeta social para elevarem seus direitos. Negros (ou como queiram alguns: afrodescendentes) elevando o racismo, colocando-se na condição de deficientes mentais para uma fácil inscrição em bancos universitários. A inversão de valores tornou-se tormentosa: agora o interessante é colocar-se em condições de inferioridade, de “menos ser humano” para valer suas pretensões.

O que se vê atualmente são pessoas de caras raivosas, procurando desmantelar um e outro pensamento, combater outras ideias, numa batalha sem fim. Até mesmo o jeito de vestir, agir, expressar uma arte é motivo para discussões e debates contrapostos fervorosamente. Uma exposição de ódio, rancores e intolerância somente vistas noutros tempos que parece não apagados. O tempo é cíclico! Antes apenas os católicos queimavam bruxas, agora junta-se a eles os evangélicos. Antes somente Adolf Hitler queria matar os judeus, agora junto do ditador unem-se os judeus contra os homossexuais. Antes os portugueses escravizavam os negros, hoje eles se colocam, junto de outras classes sociais, na condição de escravizados, para que nesta fundamentação requeiram nova alforria. Os índios que antes matavam para proteger as florestas que lhes era o abrigo seus e de suas famílias, agora matam-se e aliam a grandes latifundiários para poder aferir lucro com seu desmatamento.

Certo que alguém dirá, que nada mudou, apenas inverteram os pólos e/ou somaram-se pessoas a ambos lados (opressor e oprimido). De fato sinto estar na idade das trevas.

Estes velhos bons homens de Fukushima, vendo nossas atitudes egoísticas ficariam pasmados e mandariam todo o lixo atômico para cá!

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