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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

PALAVRAS AO VENTO

Palavras ao vento

do paraensedeminas de luizvianadavid

Há aproximadamente um ano, dona Alercy Moreira (40 anos) gari de profissão, chefe de familia, uma lutadora, comoveu os os ouvintes das emissoras de rádio de Pará de Minas com um grito de socorro. Ela não estava dando mais conta de controlar o filho de 14 anos, que estava se enveredando pelo caminho das drogas e do crime. Dona Alercy naquele dia pediu ajuda às autoridades, ao Conselho Tutelar, ao Juiz e ao Promotor da Vara da Criança e do Adolescente, ao Delegado de Menores, ás entidades que se dizem preocupadas com o bem estar das crianças e dos adolescentes de Pará de Minas. Dona Alercy naquele dia, há um ano, derramou sentidas lágrimas eplo rumo que seu filho estava tomando. Revelou toda a impotência dela para conter o filho dos limites. Sai cedo de casa para enfrentar uma árdua jornada de trabalho duro e desgastante nas ruas da cidade. Volta ao fim do dia, e ao chegar ao lar quase sempre uma má noticia a respeito do filho a esperava. Desvalida gritou por socorro.

Hoje, as mesmas emissoras que repercutiram o grito de dona Alercy foram ouvi-lá novamente. Ela lamentou que ninguém, nenhum representante de qualquer órgão público, nem de qualquer instituição ligada à proteção do menor, ouviu o seu grito por ajuda. E por isto ela estava ali naquele momento, no velório do cemitério municipal de Pará de Minas, velando o corpo de seu filho Guilherme, que completaria no próximo sábado, 13 de Agosto, dezesseis anos de idade. Morreu assassinado na terça-feira passada, na beira de um córrego que passa nas imediações do bairro Grão-Pará, onde a familia mora. Abatido com dois tiros e ainda teve o corpo enterrado às margens do córrego. Dona Alercy contou na entrevista de hoje que procurou internamento para o filho em quase todas as fazendinhas (ditas de recuperação - nota do blogueiro) e clínicas da região. Nunca foi sequer ouvida.

Este blogueiro tem certeza de que o grito de socorro de dona Alercy feito um ano atrás, foi ouvido por muitas pessoas ligadas à causa da proteção ao menor na cidade. Muitas dessas pessoas que comemoraram efusivamente outro dia mesmo, os vinte e cinco anos de vigência do ECA -Estatuto da Criança e do Adolescente; membros do Conselho Tutelar com certeza ouviram o SOS da mãe desesperada; e os membros do Comissariado de Menores também ouviram. Em todos os casos quem não ouviu, pelo menos ficou sabendo por um colega, pois foi grande a repercussão das palavras e soluços da mãe chorosa.

Dona Alercy pode ser uma pessoa simples e humilde, mas é bem articulada e sabe se expressar. Palavras dela aos repórteres, ao lado do caixão do filho: - vou esperar pela Justiça Divina pois esta não falha; eu também confio na justiça dos homens, mas ela é incerta e pode demorar. Espero que a morte do meu filho sirva de exemplo e que outro caso não aconteça.

Agora vamos esperar pelas manifestações e desculpas da parte de quem fez ouvidos moucos aos apelos de dona Alercy.

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