Dia destes num nos telejornais mais importantes e de maior audiência no Brasil o Diretor-Presidente da Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, defendendo-se de iminentes invasões de sem-terras nas propriedades da Vale, soltou uma sairavada de críticas ao governo e aos integrantes do MST. Com propriedade, conhecimento e profundo saber, sugeriu que a invasão pelos sem-terra se direcionasse ao Banco do Brasil, Caixa Econômica Federa e INCRA. Argumentou de forma sóbria e enérgica.
Mas o Sr. Roger Agnelli tem um curriculum de grande extensão, digno de estar à cabeceira de uma das maiores mineradoras do mundo e uma página especial na Wikipédia.
Já o empresariado de Pará de Minas vive numa agonia sem tamanho quando tem de se expressar de alguma forma mais condizente com o mercado atual. Não ouso chamá-los de “empresários”. São comerciantes, mascates bem sucedidos. Nada mais.
Existe em Pará de Minas o prêmio anualmente disputado (vendido) de “O Empresário do Ano”. Presenteia pessoas que realmente fazem-se destacar na coleta de fundos monetários para suas burras. Mas não se pode chamá-los empreendedores de mercado propriamente ditos. Empresários é expressão digna de poucos.
Mas conversar com uma pessoa desta é, de fato, lastimável exercício de paciência.
Digo e provo: pergunte a um “empresário” paraminense o que significa alguma destas expressões a seguir e peça a ele para discorrer com propriedade sobre o tema: Risco Brasil; Fundos de investimento e fundos de pensão; Variação cambial e câmbio flutuante; Índice BOVESPA ou NASDAQ; Como funciona o mercado de ações? Moeda Podre pode ser legal? O que é Bolsa de Futuros?
Será que vão discorrer com tranqüilidade sobre o assunto? Será que um daqueles balanços publicados em jornais de grande circulação são lidos por eles e eles sabem interpretar aqueles números? Sabem o que é liquidez de uma empresa? Quantas empresas paraminenes estão aptas a receber os incentivos do PAC? Quantas empresas nossas usa recursos do FIP – IE disciplinado pela MP 348/07?
Esta displicência e ignorância do empresariado paraminense não é pecado algum. É a tradicional forma de comercializar cada um comprando barato e vendendo caro. Nada mais. Não são dignos de expressão mineira ou nacional no que tange a grandes debates mercadológicos de potencial econômico. Existe uma grande diferença entre saber vender e ser empresário. Ao que nos parece em Pará de Minas temos pessoas que sabem vender, mas jamais podemos dizer que temos empresários.
Mas um leitor sugestionou este tema com a finalidade de apontar este problema citadino¹ e vislumbrar uma solução.
É a seguinte solução que aponta: depois que Padre Paulo Pereira abriu o seu Malleus Maleficarum² e promoveu a excomunhão dos indigestos da FAPAM temos a oportunidade de cursos da Faculdade de Pará de Minas voltados a este tipo de pessoas que necessitam de aprofundamentos nestes assuntos.
Pará de Minas já dispôs tempos anteriores de uma Escola de Cidadania e Justiça onde muito contribuiu para as pessoas terem melhores noções sobre temas de grande importância para as situações então vividas.
O leitor argumentava comigo sobre a necessidade de um curso em Pará de Minas que ensinasse às pessoas ao menos perguntarem e questionarem as questões que acima propus. De fato não existe em nossa cidade quem argumente bem estas questões e sente-se que é uma obrigação daquele que se chama empresário saber sobre estes pontos sob pena de ser apenas um comerciante em expressão.
Falar sobre estas questões com propriedade é interessante para que possamos ver sob óticas diferentes as mesmas questões. Importante ouvir o noticiário econômico e saber se que aquele que dá a notícia diz verdade ou está mascarando uma determinada realidade. Quando o Willian Bonner fala sobre a baixa do Risco Brasil e a oportunidade de maiores investimentos exteriores junto ao mercado interno, o que devemos entender? E se o governo anuncia um programa conjuntural indexado e alavancado por rendas paralelas do mercado de ações, mas com a promessa de ter um equilíbrio inflacionário megacompatível no cenário setorial estruturalista do ramo empreendedorista imobiliário sem choques fiscais recessivos e subsidiados? Entenderemos a questão? O governo faz bem ou mal com um programa deste?
Saber economia, administração de empresas não deve ser regalia de executivos internacionais e sim de todo um povo para que este cidadão tenha como diagnosticar o termômetro monetário de seu país.
Por fim o leitor sugere que tenhamos em Pará de Minas, a exemplo da Escola de Cidadania, uma Escola de Economia para o cidadão comum. Uma semana empresarial verdadeiramente voltada a decifrar estes temas ainda estranhos no vocabulário do “empresariado” paraminense.
Fica a sugestão.
1. Citadino – Da cidade.
2. O Martelo das Bruxas ou O Martelo das Feiticeiras (título original em latim: Malleus Maleficarum) é uma espécie de manual de diagnóstico para bruxas, publicado em1487, dividindo-se em três partes: a primeira ensinava os juízes a reconhecerem as bruxas em seus múltiplos disfarces e atitudes; a segunda expunha todos os tipos de malefícios, classificando-os e explicando-os; e a terceira regrava as formalidades para agir “legalmente” contra as bruxas, demonstrando como inquiri-las e condená-las (não necessariamente nesta ordem).
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