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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Joaquim Frederico Galvão

vovovovo

Órfão de jovem seu destino foi traçado

e nas mãos de padrastro cortou um dobrado

Em 3 irmãos outros 4 se juntou

a família a crescer e a vida apertou

Jovem ainda Adelino seu patrão

no curral ganhou a vida e se firmou no seu facão

Foice, facão no machado e no arado

neste trato que o jovem deu-se por bem prestado

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No Ranchinho vida dura

Viu mulher de formatura

com Maricas se casou

Do seu suor os contos de reis se ajuntaram

pro Mandu se levantaram

foram então enfim viver

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Alto de serra virgem o mundo inteiro ele via

para algo pros filhos deixar nova terra ele abria

Nem casinha pra morar restou

uma tapera derrubada no carro de boi pra Serra levou

Ela professora e das lidas do doce

uma mão na caneta outra na terra a ajuda trouxe

Ele analfabeto ela letrada lecionava

no seu machado novo mundo descortinava

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No carro de boi e na vara do eito

A serra do Mandu vai tomando jeito

Com as bênçãos da Sant’Ana da Prata

Sol a sol caminhava e trabalhava

Uma légua alegre a pé cortava

Polistra vira-lata a sua companhia

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dos sete filhos com dificuldade só 4 vingou

sendo que o último quase Deus levou

uma filha de marido valentão

foi para Goiás na escuridão

os outros dois sempre por perto

este caminho penoso era o certo

por fim todos cresceram

e dos pais nunca esqueceram

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quantas lembranças a todos deixou

sua voz rouca grave nunca se queixou

que vozeirão em corpinho mirrado

pequeno magro e forte

sempre olhando para um norte

homem bravo e de destemida coragem

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conta-se que até a onça ele enfrentou

numa noite chuvosa ela o visitou

debaixo do carro de boi cheio de rapadura

a pintada que rondava não o encontrou

um vizinho maludo ele encarou sem medo

num alazão lustrado o ricaço fez arremedo

o pobrezinho na mira afiada

na carabina fez a cerca fincada

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suas histórias são sem par

uma vida para se guardar

cada lembrança uma lágrima

este senhor nunca se viu chorar

ria e gostava de viver a alegrar

que saudades de suas mãos por fim macias

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honesto e de firme propósito encarnado

de José Cornélio pagou o único emprestado

seu bom conselho por todos era ouvido

recorrer a ele era solução no garantido

Morro Agudo, Torneiros, Limas e São Gonçalo

Por todos era tratado com regalo

Lá vem o homem da Serra do Mandu

De bons modos e recatado não dançava lundu

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O tempo corrói o cerne mais duro

Nunca bengala nem óculos no escuro

Da medicina muito pouco se fez usar

O cigarro de palha e a voz grossa

Lembrança da vida nossa

Chapéu de palha como veste o matuto

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Foi assim este grande varão

Em todas lutas campeão

Este é Joaquim Frederico Galvão

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