Páginas

domingo, 4 de outubro de 2009

REVENDO A CIDADANIA BRASILEIRA

Nesta terça-feira próxima passada o Presidente da República sancionou a lei 12.031 que altera a lei 5.700/71 (que trata dos Símbolos Nacionais) e tornou obrigatória a execução do Hino Nacional em todas as escola públicas e privadas no mínimo uma vez por semana.

Mas trata-se de uma necessidade em tempos onde a cidadania é exercida apenas na busca de direitos e na fiscalização – pontual – de algumas vicissitudes do sistema democrático.

Contudo perdeu-se nos tempos de hoje as noções mínimas de educação moral e cívica, há muito não ensinadas nas salas de aula. Perdeu-se o conhecimento dos Símbolos Nacionais tão belos e de extrema exaltação à cidadania.

Atualmente alguns programas de TV oferecem prêmios altíssimos para quem conseguir cantar o Hino Nacional completo sem erros. Por mais das vezes o dito prêmio acumula-se e não se encontra um 'ganhador da promoção”.

Nossos Símbolos Nacionais: Bandeira Nacional, Hino Nacional, Armas Nacionais e o Selo Nacional são desconsiderados por muitos de nós brasileiros. Apenas o hino nacional tem maior relevância popular já que é executado em algumas solenidades. Já os demais foi-se o tempo que as crianças saiam pelas ruas solfejando o seu tão belo Hino da Bandeira:

Salve, lindo pendão da esperança,
Salve, símbolo augusto da paz!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da Pátria nos traz.
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!

Lastimável situação que hoje se verifica quando se pergunta a uma criança ou até mesmo adultos sobre estes Símbolos e ninguém é capaz de identificá-los.

Tenho guardado com zelo e carinho as gramáticas e livros utilizados pela minha saudosa avó que foi educadora e alfabetizadora de muitos na região de Pará de Minas, São Gonçalo do Pará e Conceição do Pará. Gramaticas estas que datam dos anos de 1932, 1947 e 1960. anos distantes entre si, contudo de notável preservação ao patriotismo.

Em suas lições encontro alguns exemplos que hoje são não são mais vistos. Na aula destinada ao conhecimento dos Substantivos, a lição pedia que se sublinhasse os nomes nas seguintes orações:

O bom menino escuta os conselhos do pai e da mãe; obedece sempre e nunca vai causar pena a seus pais. Nas aulas, mostra-se estudioso e aplicado; o mestre está contente com ele. Tem muito cuidado de sua pessoa e de sua roupa. O rosto e as mãos dele estão limpos, o cabelo sempre penteado. É respeitoso para com todas as pessoas e toda gente gosta dele.”

É impressionante ver que dias passados cenas de sexo e violência foram estampados em livros didáticos oferecidos pelo próprio Governo Federal.

Já o texto acima incutia noções de moral, ética, educação e respeito nos alunos em simples exemplos de aulas de substantivos, e noutras aulas o modelo de ensino não era diferente.

Encerro este texto nostálgico com uma lição que minha avó aplicava a seus alunos extraída da obra de Luís Gonzaga Fleury chamada “Meninice” que em 1947 já estava na sua 25ª edição:

MEDITANDO

Eu trabalho o dia inteiro,

Sem descanso, mas contente;

Ganho sempre algum dinheiro;

de ninguém sou dependente.

A mamãe, que é viúva, ajudo

Na manutenção do lar;

Vagares passo-os no estudo

E, à noite, as lições vou dar.

Com ser vulgar “engraxate”

Eu não me sinto humilhado;

Mas a ignorância me abate:

Quero melhorar de estado.

Sabem por quê? Não por mim...

– A glórias não faço jus –

E bem viveria, enfim,

do que esta escova produz

Dentro, porém, de alguns anos,

Ganhando mais, ambiciono

Livrar a mamãe e os manos

Da miséria e do abandono.

Nenhum comentário: