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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Li e gostei

Há tempos tenho horror a fila de banco. Aquela senha nunca chega! E É interessante notar que quando você chega ao banco já tem uma pequena fila de pessoas para a senha. Fila para pegar a senha para entrar na fila de atendimento. Gente! Isto mata de raiva!

Odeio fila de banco. Antes tínhamos noção de quando poderíamos ser chamados já que as senhas eram anunciadas numa ordem lógica, numérica e crescente. Eu sabia que após o número 385 eu seria chamado, mesmo que eu tenha chegado ao banco no momento da chamada da senha 120!

Marmitas, quentinhas, suco, bolachas… todos pensaram nisto, e somente quando fico azul de fome penso que deveria sair e comprar algo: “mas e se a fila andar rápido?”. Morro de fome mas não perco meu lugar.

Tem os “safados” dos boys de escritório que logo cedo pegam senhas em todos os bancos e vão embora! Eles sabem quando vão ser chamados, parece algo miraculoso mas se estou na senha 276 e está chamando a senha 225 sei que alem de mím outras 50 pessoas deveriam estar alí trocando o peso sobre as pernas. Mas não! Os boys dos contadores, grandes empresas chegam somente quando faltam umas duas senhas para seus números. E chegam atulhados de papeis e simplesmente alugam o caixa para eles!

Confesso que já fiquei matutando com qual arma de minha coleção eu mataria aquele boy safado que além do seu escritório ganhou o lanche de outro boy para fazer o trabalho dele também. É existe destas coisas, já vi: antes do banco abrir os boys vão para as praças e ali ficam trocando seus afazeres e cada um vai para um banco levando o serviço do outro para evitar que eles tenham de, individualmente, ir a vários bancos. Se você der o azar de ter um destes na sua frente, saiba: mande vir a janta!

E a sua senha nunca é chamada!

Mas parece que alguns bancos descobriram isto e as senhas não são mais numéricas, são ALFAnuméricas. Não obedecem a uma ordem lógica: chama-se o A36, depois o J95, o L87, o A21 e por aí afora.

Pronto: tem fraude neste negócio! fico pensando que existe uma maquininha que informa qual a senha que a gostozona de minissaia pegou para que o tarado do caixa a chame.

Mas os Boys, como têm tempo de sobra já desvendaram o segredo e chegam somente quando suas senhas vão ser chamadas. A chave para desvendar este mistério custa alto! Tres ou mais lanches em lanchonetes caras!

Tem a fila dos velhos, mulheres gravidas, mulheres com filhos no colo, deficientes, etc. etc. etc.

Burla! Pura burla! O filhão de 25 anos com contas para pagar pega o pai decadente de 60 anos e um dia de idade e leva o coitado até mesmo com o bujão de oxigênio para a fila do banco para que, com isto passe na nossa frente! Quem tem parentes, amigos, conhecidos deficientes sempre seguem este exemplo.

Garotas tomam seus afilhados, sobrinhos, irmãos mais novos e metem aqueles garotos no colo para poderem passar na nossa frente. O mulequeinho esperto todo energia querendo correr pelo saguão do banco e a danada segurando o menino no colo para ter o acesso privilegiado.

Eu fico P da vida com isto!

Mais loco de raiva quando vão para a fila com coisas que poderiam ser no caixa eletrôncico

Mas não era este o meu propósisto inicial quando iniciei estas linhas.

Queria eu transcrever (e imagino que até o final do texto eu consiga) algumas linhas de livros que tenho lido na fila do banco!

É É ISSO MESMO… APRENDI A LIÇÃO: LER NA FILA DO BANCO!

Não passo raiva, não tenho de tomar calmantes para não ter um infarto de ódio da maldita fila do banco, e ainda consigo um pouco de cultura!

Agora é assim que funciona:

  1. Verifico o melhor dia de ir ao banco, de forma que não pague multa pelo serviço que tenho de quitar. De forma que eu não morra de fome ou fique com dívidas pelo cheque que tenho de descontar porque o safado “cruzou” a cártula e se eu pedir outro ele fala que vou ter de dar prazo.
  2. Recarrego a bateria de meu aparelho multi-uso que além de tocar música me informa a localização (estático alí naquela longitude e latitude bancária); tem GPS para informar-me que devo virar a esquerda depois daquele postezinho azul sujo de tanto as pessoas encontarem nele na fila do banco; tem twitter para eu twittar tirando sarro do cara da última posição na fila, e mandar piadinhas infames para o sortudo que vai ser atendido da minha frente; tem calculadora para eu ver o juro, correção que estou me afudando e, claro, o imposto que mando para Brasília; tem joquinhos demo que nunca terminam a fase; tem email para eu não usar senão supero a taxa de bites e pago uma fortuna de conta no final do mês; tem internet Wi-fi que o banco não libera a senha por medo de invação na rede deles; e ainda serve de celular!;
  3. Escolho um livro que estou tentando ler já faz séculos e não consigo porque tenho de escrever artigos para postar aqui senão cancelam minha conta do google; tenho de fazer petições justificando porque um pai não dá conta de pagar a pensão do filho já que está desempregado e ao contrario do filho e não peitos onde mamar e se sustentar; porque tenho de elaborar aulas para universitários que nunca ouviram falar de Machado de Assis; tenho de ler um milhão de mails de gente pedindo grana para para resgate de filhos em mãos de bandidos; tenho de ver mails de fotos lindas de lugares que certamente nunca irei – se é que estes lugares existem; ver o vídeo pornô de um amigo que não pega mulheres a tempos e tem de me ficar mandando vídeos daquilo que faço sempre.
  4. Escolhido o livro vou para a fila do banco.
  5. Coloco o fone no último volume para não ouvir aquele barulho F D P produzido pela maquina de chamar as senhas. Tenho medo de mensagens subliminares naqueles sons dizendo para eu adquirir produtos do banco, aumentar cheque especial, e coisas assim.
  6. Geralmente ouço música eletrônica do tipo “bate-estaca” ou ópera para irritar quem estiver perto de mim já que nao vai ouvir bem, e não sou obrigado a ser o único chateado alí. Existem pessoas totalmente insensíveis a estes meus sofrimentos. Não posso sofrer sozinho! Maldade é algo inerente do ser humano. Tenho de dar minha contribuição.

Pronto! Agora chequei no ponto do texto que eu queria!

Dias passados tive de ir ao banco sacar um alvará e li boa parte do magnífico “Defesas Penais e Estudos de Jurisprudência” de Enrico Ferri numa excelente encadernação da Bookseller.

Então o meu objetivo com o artigo era reproduzir trechos do livro de Ferri que li, mas deixo para outra hora.

Fiquei P ao lembrar da fila do banco!

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