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quarta-feira, 4 de março de 2009

“A menina engravidou de maneira totalmente injusta, mas devemos salvar vidas”

Esta é a declaração do Arcebispo de Olinda e do Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, sobre o caso da menina que com apenas 9 anos está grávida do padrasto. Trata-se, segundo os médicos, de uma gravidez de risco devido a idade da menina e pelo fato de serem gêmeos os nascituros.

Entendo a posição do Arcebispo.

O aborto é algo ainda não desvendado efetivamente pelos pensadores da “vida”.

Mas no caso parece-me que salvar-se-á a vida enquanto existência física ordenada e reagente ao meio. Salva-se uma criatura que haverá de respirar e interagir com os demais seres vivos. Salvamos aquelas crianças (as três) como se salva uma árvore.

Mas a vida definida como sendo a interação com os demais seres viventes não será salva. Salvar a vida da pessoa humana. Estes nascituros serão sempre alvos de olhares discriminatórios. Suas vidas pessoais não serão salvas. Certo é que deverão passar pelos mais dolorosos e perturbadores pensamentos sobre a origem de suas existências. Isto não justifica aborto!

A fala do Arcebispo remete a “vida” das garotinhas para a misericórdia de Deus que permitiu tal acontecimento. Deus as dará o conforto necessário para suportarem esta cruz que hão de carregar pela sua vida “existência” aqui na terra.

Deus dá, Deus tira assim dizia Jó nas suas agonias.

Deus não quer a morte. Cristãos não podem desejar a morte em situação alguma. Jamais. Mas a Vida penosa deve ser justificada pela vida dada por Deus como forma de provação de sua benevolência. A salvação inicial destas nascituras vidas devem a nós que vamos decidir sobre a continuidade ou não da gestação desta criança / mãe de apenas 9 anos. Deveremos relegar a salvação eterna destas meninas (mãe e filhas) para a Divindade Paternal de Deus.

Certa feita perguntaram-me se eu era favorável a pena de morte. Minha resposta foi a seguinte:

Tratarei do assunto como em contratos civis! Meu interlocutor pasmou-se! Mas continuei a justificativa. Em contratos uma coisa deve terminar pelo mesmo modo que começou. Assim sendo a compra termina com a venda. A disposição de propriedade somente se dá através de um contrato. Somente se encerra com outro contrato. A forma prescrita do início será sempre a forma prescrita para o final.

Assim sendo deveremos verificar de onde vem a vida! Se temos a certeza que Deus a quem deu. Somente Ele haverá de retirá-la. Nesta esteira nós humanos somos somente coadjuvantes da vida, já que ela é dádiva exclusiva de Deus.

Portanto se acaso o homem puder, sem a interferência de mais nada, dar a vida, ele poderá a tirar. Assim sendo se se criar um clone de algo aquele responsável pelo clone pode destruí-lo. Ele é o responsável pela criação, pode ser o responsável pela destruição.

Desta feita, se alguém dá a vida a alquém, que a retire! Atualmente somente Deus tem nos dado Vida. Somente a ele pode-se relegar a responsabilidade de retirar a vida de alguém.

Voltando as falas do Arcebispo, dou-lhe total razão ao defender a vida, independentemente das origens da concepção.

Somente uma coisa não me é respondida: porque Deus permite isto? Sua onisciência, onipresença e onipotência não deveria coibir isto?

Certo que Deus tem deixado coisas monstruosas acontecerem no nosso planeta: corrupção, fome, pestes, guerras, racismos, e toda leva de abomináveis atitudes. Mas estas coisas tem muito da provação de uma demonstração de para onde estamos caminhando, e nos remete ao pensamento cristão para solucionarmos estas mazelas.

Mas porque não desviar aqueles dois espermatozóides daquele monstro que engravidou a enteada? Se Deus não aparece explicitamente (justificabilíssima atitude) ao menos ter direcionado aqueles espermas de fruto maligno uns míseros milímetros para um lado ou outro que a concepção não teria se dado daquela forma aterradora para as tres meninas! Não seria a morte, já que não haveria vida!

Já foi dito que não cai um fio de cabelo de nossa cabeça sem a anuência divina. Senhor! Porque permitir tal aberração!

A comunidade cristã tem agora a responsabilidade de dar acesso a estas alminhas a um mundo que lhes será extremamente hostil. Deveremos amainar ao máximo a cruz destas criaturinhas agindo como aquele que ajudou Jesus a carregar a cruz para o calvário.

Devemos salvar vidas, mas evitá-las cumpre a Deus. É este ponto que me atinge. Porque? Evitar a vida que quem haverá de ir para a guerra, passar fome, ter câncer, pode parecer um pedido absurdo. Mas evitar a concepção no caso de estupro seria uma coisa desejável. Eu disse a concepção! Eu não disse aborto. Não posso admitir homicídio ou aborto enquanto admitir Deus.

Quando convecer-me, por algum motivo absurdo, da não existência de Deus hei de ser o primeiro a levantar a bandeira em prol do aborto destas nascituras. Se eu notar ausência de Deus em nosso meio poderemos abarcar esta idéia.

Mas vendo a presença de Deus a todo instante no nosso lindo planeta, por ora endosso o Arcebispo.

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