João veio ao mundo sem pedir para entrar. Não se sabe onde estava, mas o tiraram de lá.
Criado no ventre ficou a imaginar o que lhe seria lá fora.
Na escuridão do acalento vive breve para não sabe o que.
O globo circulando, e ele sem saber girava naquele plasma movido por um impulso irreal.
Girava o mundo girava João, cada qual obedecendo regras que desconheciam.
Um pulo, um arranque dele ou de fora, certa perturbação lhe aplaca o sossego.
João retribui tudo isto, coisas estranhas que não são de seu mundo.
O mundo de João está todo em contato com ele, é gostoso e carinhoso.
João se sente bem.
Coisas lhe acontecem, partes surgem, membros crescem em contínua mutação. O que é isto? Parece crescer o mundo.
Destes apêndices que lhe avolumam, não se vê funcionabilidade alguma. Partes externas em um emaranhado interno. O que é isto?
Nada precisa para sentir-se bem onde está. Basta-lhe ser. Sendo, João se realiza. Ele é. Nada mais é necessário.
João não sabe o que é paz, desconhece os valores do bem e seus adjetivos. Aliás não sabe nada. Ele simplesmente é.
Poderia ficar aqui. Insiste em não saber porque mutar fisicamente para algo diferente. Qual o porque disto?
João estranha-se. João inicia a jornada sem saber.
Será que pensa? Pare que ouve. João se preocupa.
Haverá vida depois daqui?
É João sob meus olhos? Quem é João?
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