texto de Maurício Gieseler
Competitividade, atualização constante e evolução da carreira: pilares de sucesso encontrados nos escritórios de Advocacia. Na outra ponta, má-formação, desconexão com o mercado e falta de vagas. Resistir é apenas atraso. Assim pontuam consultores da área sobre a realidade da Advocacia nacional – profissão que reúne 747.279 profissionais, estagiários e suplementares – dados da OAB, em 2011.
No ano passado, o CNJ disparou que o Brasil possuía mais cursos de Direito que todos os países do mundo juntos. São 1.240 cursos superiores no país contra 1.100 no resto planeta.
Para o Ministério da Educação, a ordem do dia está na qualidade do ensino ofertado e não no número de instituições abertas.
Na formatação de profissionais de alto nível, apenas um consenso: a importância de mudanças na grade curricular do advogado do futuro.
Para o ex-presidente e atual diretor de relações internacionais da OAB, Cézar Britto, o ensino jurídico sem qualidade atinge toda a Justiça, pois compromete a formação de todos os que participam de sua administração.
Rodrigo Bertozzi – consultor de marketing jurídico – prescreve que “gestão e excelência para comandar escritórios, tribunais, delegacias, procuradorias e departamentos jurídicos devem estar já no primeiro ano das salas de aula”, afirma.
Ele prega a introdução urgente de temas para o desenvolvimento da carreira profissional do aluno, como gestão de finanças e pessoas, produção jurídica e estratégica, além de marketing jurídico.
Segundo Lara Selem, advogada e consultora em gestão de serviços jurídicos, “mais gestão significa menos espera, mais eficácia e mais confiança. Resistir é apenas atraso.”
Temas como estes estarão na pauta da 1ª Conferência Internacional em Gestão Legal, nos dias 14 e 15 de abril, em Curitiba (PR).
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Comentando o texto
O Professor Maurício é sempre preocupado com estas questões e alinha-se a frente dos defensores de uma gestão educacional de excelência do ensino jurídico.
Daqui me minha docência, verifico que as disciplinas aplicadas na maioria das instituições de ensino são o suficiente para a boa formação dos alunos. Entendo que devemos nos ater a uma base principiológica do Direito a mais precisa possível. Esta base encontra-se nas mínimas disciplinas atualmente aplicadas: Processo Civil, Civil, Processo Penal, Penal, Constitucional, Administrativo etc. Creio que algumas disciplinas por demais importantes não comportam nos míseros 5 anos de estudo dedicados ao Direito.
Ou se vê tudo superficial e deficitariamente ou aprofunda-se a exaustão nos pontos essenciais. O bom aluno saberá, diante das novidades, interpretar a lei e direcionar suas pesquisas.
Agora, dirigindo-me ao professor Maurício e ao Nobre Rodrigo Bertozzi, que ainda temos nas faculdades alunos desinteressados, e com o pensamento voltado a outros objetivos que não as carreiras jurídica propriamente dita: aquela que a faculdade minimamente tem a obrigação de formar, qual seja, o bacharel em direito apto a enfileirar-se na OAB. A Magistratura, Procuradorias e Ministério Público são caminhos que a faculdade de direito não forma, somente dá bases elementares.
Aos alunos que tendem de fato galgar a planície serena da advocacia militante, temos, conquanto professores universitários, transmitir toda a base essencial para terem esta missão.
A gestão de escritórios é de suma importância. Mas na academia como disciplina, creio que não! Como atividade extracurricular ofertada pela academia sim! Sou sócio de escritório e acompanho os sábios conselhos e ensinamentos da consultora Lara Selem. Mas somente ao futuro advogado é possível transmitir sobriamente tais ensinamentos. Aqueles que pretendem sair da faculdade juízes e procuradores, sinto uma grande dificuldade em colaborar neste sentido, anta a resistência dos mesmos.
Interessante, ainda notar, que alunos que não trabalham em CTPS (ser aluno é uma verdadeira profissão) e tem os dias dedicados ao estudo do direito, tem sérias restrições a leituras recomendadas. Os alunos que exercem atividades remuneradas no mercado de trabalho (geralmente os estudantes do período noturno) vejo que a resistência é muito maior, justificando a falta de tempo.
Caminho aqui para concluir o que já tive a oportunidade de lançar neste blog: falta leitura por parte dos alunos. Mas isto é tema que já abordei e voltarei a abordar sempre.
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